Os corações do Gato Garçom
O rádio estava ligado e alguém pediu para aumentar o volume. O locutor havia dado a notícia mais cedo e agora trazia mais detalhes. Naquela manhã de domingo de Carnaval, faleceu o Gato Garçom da Calabresa.
O rádio estava ligado e alguém pediu para aumentar o volume. O locutor havia dado a notícia mais cedo e agora trazia mais detalhes. Naquela manhã de domingo de Carnaval, faleceu o Gato Garçom da Calabresa.
Quando eu paro de manhã cedo para tomar café em qualquer padaria de bairro em São Paulo, essa pujança econômica se reduz a pó e parece que aterrisei de Marte no meu disco voador só porque pedi um café sem açúcar.
Aquela pizza em 1997 me mostrou o verdadeiro valor do trabalho. Ou melhor, mostrou que eu precisaria trabalhar três vezes mais do que todo mundo. Naquele ano, o preço médio de uma pizza no Recife era de 10 reais. Algumas mais caras custavam entre 12 e 15 reais. Só que a melhor pizza de quatro queijos da cidade custava 33 reais.
Ela perguntou se eu sabia que levava apenas oito segundos para uma pessoa concluir se vai gostar da outra. Essa frustração cronometrada sempre me lembrou uma lenda urbana, bem popular nos anos 80, sobre como se deve cozinhar o verdadeiro spaghetti italiano: para saber se o ponto do espaguete está bom durante o preparo, jogue-o na parede. Se grudar, é porque está no ponto certo.
Queria ganhar um real para cada vez que fui enrolado descaradamente no maravilhoso universo da gastronomia gourmet. A gourmetização da culinária é a desgraça de todo gordinho. A gente não sabe fazer, mas a gente sabe comer.
A aleatoriedade alucinante da Covid-19 me parece a parte mais cruel da doença e me faz lembrar muito a Batalha da Normandia em 1944. A aleatoriedade daquele dia sempre me fascinou desde criança. Nada me impressiona mais do que a falta de previsibilidade sobre quem vai morrer e quem vai viver.
Tenho ouvido falar muito em novo normal, supostamente uma realidade diferente que há de surgir após a pandemia de Covid-19. Não faço ideia qual será a diferença, mas no meu novo normal eu só queria que as mulheres bonitas parassem de me chamar de senhor.
Com a pandemia de Covid-19, o Facebook viu-se obrigado a antecipar três mudanças profundas nas duas redes sociais que ditam a opinião pública do mundo. A primeira delas é a facebookização do Instagram.
Quando o Estado pede que as pessoas fiquem em quarentena por causa da Covid-19, esse mesmo Estado espera que a sociedade acredite nas evidências científicas e confie na palavra do governo. Como você espera que as pessoas atendam a um pedido que vem justamente de onde a gente menos leva a sério?
Tenho medo da maioria dos bichos que voam e rastejam, então quando elas chegaram pela primeira vez, meu comportamento foi do típico assassino de vassoura. Não funcionou muito bem, porque a cada mariposa expulsa da parede, duas voltavam. Nos dias seguintes, deixei a vassoura de lado e me transformei no genocida do Baygon. Comportamento o qual não guardo o menor orgulho. Pelo contrário, hoje carrego uma culpa tão grande que fui tentar descobrir do que as mariposas se alimentam.